terça-feira, 26 de março de 2013

5º Encontro Formativo de Professores Coordenadores


FORMAÇÃO DE PROFESSORES COORDENADORES (11/03/13)

5º ENCONTRO

  

                              “Eu creio no poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco.”

Jorge Larrosa Bondía


OBJETIVOS:
  • Ouvir e apreciar a leitura de texto literário;
  • Retomar apontamentos de sugestão de assuntos para pautas de formação;
  • Refletir acerca da experiência na vida e na educação;
  • Ler para rever conceitos que acompanham nossa prática pedagógica;
ENCAMINHAMENTOS:

1.    Leitura de texto literário “Palavras, Adriana falcão em “O DOIDO DA GARRAFA”.

2.    Apresentação dos assuntos solicitados para discussão em pautas formativas e breves considerações.


04/03/2013
Assuntos a serem abordados pela Oficina pedagógica:
·         Ler e escrever;
·         EMAI;
·         Alfabetização
·         Dificuldades de aprendizagem;
·         Base alfabética;
·         Alfabetização Matemática;
·         Retomada do planejamento;
·         Atividades e recursos de acessibilidade (como trabalhar com a diversidade);
·         Jogos matemáticos e de Língua Portuguesa, com diferentes conteúdos;
·         Prazo de entrega do plano de ensino;
·         Projetos que serão desenvolvidos pela rede;
·         Grade curricular do 1º ano (EF);
·         Rotina do 1° ano;

3.       Acionamento de conhecimentos prévios:

Pra você, o que é experiência?

Brevemente, escreva uma resposta à questão acima, em folha à parte, e entregue às formadoras para completar o cartaz apresentado.
Breve socialização das respostas.

4.       Bate-papo sobre EXPERIÊNCIA:
 
Cada PC, deve examinar sua cadeira, embaixo do assento, em busca de um cartão colorido.
As pessoas que estiverem em assento contemplado com o cartão, deverão lê-lo e expor brevemente alguma situação que se remeta ao escrito, contando determinada experiência pessoal.

5.       Exibição de vídeo. Assistir e estabelecer relação durante a atividade seguinte.

6.       Leitura compartilhada: NOTAS SOBRE A EXPERIÊNCIA E O SABER DA EXPERIÊNCIA, Jorge Larrosa Bondía.

7.       Apreciação de trecho do vídeo: Documentário sobre Rudolf Laban, parte 2.

 

Oficina Pedagógica
oficinapedagogicamorato.blogspot.com.br
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PALAVRAS

Adriana Falcão

As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição.
Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas e pra brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro.
É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado pra dizer o que quer dar sentimento às coisas, fazer sentido.
Nada é mais fúnebre que a palavra fúnebre.
Nada é mais amarelo do que o amarelo-palavra.
Nada é mais concreto do que as letras c.o.n.c.r.e.t.o, dispostas nessa ordem e ditas dessa forma, assim, concreto, e já se disse tudo, pois as palavras agem, sentem e falam por elas próprias.
A palavra nuvem, chove.
A palavra triste, chora.
A palavra sono, dorme.
A palavra tempo, passa.
A palavra fogo, queima.
A palavra faca, corta.
A palavra carro, corre.
A palavra palavra, diz o que quer. E nunca desdiz depois.
As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e ponto.
As palavras são sinceras, as segundas intenções são sempre das pessoas.
A palavra juro não mente.
A palavra mando não rouba.
A palavra cor não destoa.
A palavra sou não vira casaca.
A palavra liberdade não se prende.
A palavra amor não se acaba.
A palavra idéia não muda. Palavras nunca mudam de idéia.
Palavras sempre sabem o que querem.
Quero não será desisto.
Sim nunca jamais será não.
Árvore não será madeira.
Lagarta não será borboleta.
Felicidade não será traição.
Tesão nunca será amizade.
Sexta-feira não vira Sábado nem depois da meia-noite.
Noite nunca vai ser manhã.
Um não serão dois em tempo algum.
Dois não serão solidão.
Dor não será constantemente.
Semente nunca será flor.
As palavras também tem raízes, mas não se parecem com plantas, a não ser algumas delas: verde, caule, folha, gota.
As células das palavras são as letras. Algumas são mais importantes que outras.
As consoantes são um tanto insolentes. Roubam as vogais pra construírem sílabas e obrigam a língua a dançar dentro da boca. A boca abre ou fecha quando a vogal manda.
As palavras fechadas nem sempre são mais tímidas. A palavra sem-vergonha está aí de prova.
Prova é uma palavra difícil.
Porta é uma palavra que fecha.
Janela é uma palavra que abre.
Entreaberto é uma palavra que vaza.
Vigésimo é uma palavra bem alta.
Carinho é uma palavra que falta.
Miséria é uma palavra que sobra.
A palavra óculos é séria.
Cambalhota é uma palavra engraçada.
A palavra lágrima é triste.
A palavra catástrofe é trágica.
A palavra súbito é rápida.
Demoradamente é uma palavra lenta.
Espelho é uma palavra prata.
Ótimo é uma palavra ótima.
Queijo é uma palavra rato.
Rato é uma palavra rua.
Existem palavras frias como mármore.
Existem palavras quentes como sangue.
Existem palavras mangue, caranguejo.
Existem palavras lusas, Alentejo.
Existem palavras itálicas, ciao.
Existem palavras grandes, anticonstitucional.
Existem palavras pequenas: microscópio, minúsculo, molécula, partícula, quinhão, grão, covardia.
Existem palavras dia: feijoada, praia, boné, guarda-sol.
Existem palavras bonitas: madrugada.
Existem palavras complicadas: enigma, trigonometria, adolescente, casal.
Existem palavras mágicas: shazam, abracadabra,pirlimpimpim, sim e não.
Existem palavras que dispensam imagens: nunca, vazio, nada, escuridão.
Existem palavras sozinhas: eu, um, apenas, sertão.
Existem palavras plurais: mais, muito, coletivo, milhão.
Existem palavras que são palavrão.
Existem palavras pesadas: chumbo, elefante, tonelada.
Existem palavras doces: goiabada, marshmallow, quindim, bombom.
Existem palavras que andam: automóvel.
Existem palavras imóveis: montanha.
Existem palavras cariocas: Corcovado.
Existem palavras completas: elas todas.
Toda a palavra tem a cara do seu significado. A palavra pela palavra, tirando o seu significado fica estranha. Palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra não diz nada, é só letra e som.

 
Ana Paula A. P. Ferreira

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