5º ENCONTRO
“Eu creio no
poder das palavras, na força das palavras, creio que fazemos coisas com as
palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco.”
Jorge Larrosa Bondía
OBJETIVOS:
- Ouvir e apreciar a leitura de texto literário;
- Retomar apontamentos de sugestão de assuntos para pautas de formação;
- Refletir acerca da experiência na vida e na educação;
- Ler para rever conceitos que acompanham nossa prática pedagógica;
ENCAMINHAMENTOS:
1.
Leitura de texto
literário “Palavras, Adriana falcão em “O DOIDO DA GARRAFA”.
2.
Apresentação dos
assuntos solicitados para discussão em pautas formativas e breves
considerações.
04/03/2013
Assuntos a serem abordados pela Oficina
pedagógica:
·
Ler e escrever;
·
EMAI;
·
Alfabetização
·
Dificuldades de aprendizagem;
·
Base alfabética;
·
Alfabetização Matemática;
·
Retomada do planejamento;
·
Atividades e recursos de acessibilidade (como
trabalhar com a diversidade);
·
Jogos matemáticos e de Língua Portuguesa, com
diferentes conteúdos;
·
Prazo de entrega do plano de ensino;
·
Projetos que serão desenvolvidos pela rede;
·
Grade curricular do 1º ano (EF);
·
Rotina do 1° ano;
3.
Acionamento de
conhecimentos prévios:
Pra você, o
que é experiência?
Brevemente, escreva uma resposta à questão acima, em folha à parte, e
entregue às formadoras para completar o cartaz apresentado.
Breve socialização das respostas.
4.
Bate-papo sobre
EXPERIÊNCIA:
Cada PC, deve examinar sua cadeira, embaixo do assento, em busca de um
cartão colorido.
As pessoas que estiverem em assento contemplado com o cartão, deverão
lê-lo e expor brevemente alguma situação que se remeta ao escrito, contando
determinada experiência pessoal.
5.
Exibição
de vídeo. Assistir e estabelecer relação durante a atividade seguinte.
6.
Leitura
compartilhada: NOTAS SOBRE A EXPERIÊNCIA E O SABER DA EXPERIÊNCIA, Jorge
Larrosa Bondía.
7.
Apreciação
de trecho do vídeo: Documentário sobre Rudolf
Laban, parte 2.
Oficina
Pedagógica
oficinapedagogicamorato.blogspot.com.br
4488 7979
PALAVRAS
Adriana Falcão
As
gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio,
conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição.
Os poetas
classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas e pra
brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro.
É a alma da
palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e
o significado pra dizer o que quer dar sentimento às coisas, fazer sentido.
Nada é mais fúnebre
que a palavra fúnebre.
Nada é mais amarelo
do que o amarelo-palavra.
Nada é mais concreto
do que as letras c.o.n.c.r.e.t.o, dispostas nessa ordem e ditas dessa
forma, assim, concreto, e já se disse tudo, pois as palavras agem, sentem e
falam por elas próprias.
A palavra nuvem,
chove.
A palavra triste,
chora.
A palavra sono,
dorme.
A palavra tempo,
passa.
A palavra fogo,
queima.
A palavra faca,
corta.
A palavra carro,
corre.
A palavra palavra,
diz o que quer. E nunca desdiz depois.
As palavras
têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras
dizem o que querem, está dito, e ponto.
As palavras
são sinceras, as segundas intenções são sempre das pessoas.
A palavra juro
não mente.
A palavra mando
não rouba.
A palavra cor
não destoa.
A palavra sou
não vira casaca.
A palavra liberdade
não se prende.
A palavra amor
não se acaba.
A palavra idéia
não muda. Palavras nunca mudam de idéia.
Palavras
sempre sabem o que querem.
Quero não será desisto.
Sim nunca jamais será não.
Árvore não será madeira.
Lagarta não será borboleta.
Felicidade não será traição.
Tesão nunca será amizade.
Sexta-feira não vira Sábado nem depois da meia-noite.
Noite nunca vai ser manhã.
Um não serão dois em tempo algum.
Dois não serão solidão.
Dor não será constantemente.
Semente nunca será flor.
As palavras
também tem raízes, mas não se parecem com plantas, a não ser algumas delas: verde,
caule, folha, gota.
As células
das palavras são as letras. Algumas são mais importantes que outras.
As
consoantes são um tanto insolentes. Roubam as vogais pra construírem sílabas e
obrigam a língua a dançar dentro da boca. A boca abre ou fecha quando a vogal
manda.
As palavras
fechadas nem sempre são mais tímidas. A palavra sem-vergonha está aí de
prova.
Prova é uma palavra difícil.
Porta é uma palavra que fecha.
Janela é uma palavra que abre.
Entreaberto é uma palavra que vaza.
Vigésimo é uma palavra bem alta.
Carinho é uma palavra que falta.
Miséria é uma palavra que sobra.
A palavra óculos
é séria.
Cambalhota é uma palavra engraçada.
A palavra lágrima
é triste.
A palavra catástrofe
é trágica.
A palavra súbito
é rápida.
Demoradamente
é uma palavra lenta.
Espelho é uma palavra prata.
Ótimo é uma palavra ótima.
Queijo é uma palavra rato.
Rato é uma palavra rua.
Existem
palavras frias como mármore.
Existem
palavras quentes como sangue.
Existem
palavras mangue, caranguejo.
Existem
palavras lusas, Alentejo.
Existem
palavras itálicas, ciao.
Existem
palavras grandes, anticonstitucional.
Existem
palavras pequenas: microscópio, minúsculo, molécula, partícula, quinhão,
grão, covardia.
Existem
palavras dia: feijoada, praia, boné, guarda-sol.
Existem
palavras bonitas: madrugada.
Existem
palavras complicadas: enigma, trigonometria, adolescente, casal.
Existem
palavras mágicas: shazam, abracadabra,pirlimpimpim, sim e não.
Existem
palavras que dispensam imagens: nunca, vazio, nada, escuridão.
Existem
palavras sozinhas: eu, um, apenas, sertão.
Existem
palavras plurais: mais, muito, coletivo, milhão.
Existem
palavras que são palavrão.
Existem
palavras pesadas: chumbo, elefante, tonelada.
Existem
palavras doces: goiabada, marshmallow, quindim, bombom.
Existem
palavras que andam: automóvel.
Existem
palavras imóveis: montanha.
Existem
palavras cariocas: Corcovado.
Existem
palavras completas: elas todas.
Toda a
palavra tem a cara do seu significado. A palavra pela palavra, tirando o seu significado
fica estranha. Palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra,
palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra
não diz nada, é só letra e som.
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